domingo, agosto 19, 2007

E eu tinha esquecido que era cíclico...

Desde os agora já há muito tempo idos tempos do colegial meus professores de história e geografia me avisaram (talvez eu devesse usar uma palavra mais forte, como advertiram) que o capitalismo era cíclico. Essa semana eu senti na veia a virada de ciclo.

Já desde maio do ano passado os mercados andavam inquietos com uma possível Crise Econômica. Alguns falavam em supertições, como a dos anos terminados em 7 (houve crises em 1987 e 1997), outros gritavam aos quatro cantos do mundo que já tinha visto tudo isso acontecer, e que estava acontecendo de novo. Parafraseando o Mestre Yoda, eu sentia que algo estava errado, mas minha visão estava nublada pelo lado negro da força.

Essa semana a crise chegou para valer. Houve a tão afamada (e temida) crise de confiança. O crédito ficou mais difícil de ser obtido. A quebradeira de empresas começou (apesar de ainda não ter afetado nenhuma grande empresa). Os Bancos Centrais de diversos países (inclusive daqueles de primeiro mundo) já estão preocupados e em alerta. A recessão ainda não teve tempo de se instaurar... dizem que a crise ainda não impactou a economia real.

É engraçado dizer que ainda não impactou a economia real. Já ouço pessoas não envolvidas diretamente com o mercado financeiro falando nela, nas ações que caíram, nos problemas do mercado imobiliário dos Estados Unidos. Um amigo meu, historiador por excelência, me mostrou um texto de Hobsbaumm (não sei se é assim que se escreve), falando da Crise de 1929. É impressionante como, ao desavisado, lhe pareceria estar lendo um texto sobre a crise atual, não sobre uma de tanto tempo atrás.

Eu estou no meio da tormenta, gerir dinheiro (dos outros e próprio) em meio à tempestade não é uma tarefa simples, estou quase em uma overdose de stress. Em nome do mercado, se é que isso é possível, vindo de alguém tão jovem, digo que as incertezas são ainda muito grandes (o que se pode ver nos pulos da bolsa e do câmbio).

Na minha opinião pessoal, a crise já chegou, e dificilmente será evitada. Haverá sinais mais claros, o resultado do terceiro trimestre dos bancos nos Estados Unidos e na Europa, um possível aumento nos calotes das hipotecas estadunidenses que tinham taxas irrisórias nos 2 primeiros anos ("teaser rates") cujo impacto só será visível em cerca de um ano. Resta saber como navegar em mares tempestuosos.

Felipe Dex: cito Fernando Pessoa, meu poeta favorito já desde a adolescência (que ainda não acabou!): "Deus ao mar o perigo e o abysmo deu / Mas nele é que espelhou o céu."

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