domingo, agosto 28, 2005

Morar nos Jardins é...

É interessante eventualmente citar exemplos dentre a gama de eventos psicodélicos e chocantes a que se está exposto quando se mora nos jardins.
Consideremos a seguinte sucessão de eventos:

1. É fim de tarde de domigo (digamos, 17 horas). Você sai para dar uma andada, aproveitando que tem um solzinho e talz....
2. Na rua, passa pela sua cabeça o pensamento "Sorvete"...
Começa o lado lúdico:
3. Você se lembra que a única sorveteria perto da sua casa é a Häagen Das (sei lá como escreve)
4. Você chega lá, a bola custa R$ 6,00. Não aceitam cartões!
5. Apesar do preço absurdo, há uma fila de cerca de 10 minutos. Todas as mesas estão ocupadas!
6. Quando você está no meio da fila, embasbacado com tudo aquilo, o garotinho que está na fila atrás de você vira para o pai e diz: "Ainda bem que não tem fila hoje, né pai?"

Felipe Dex: eu até gosto do capitalismo... mas os caras tão apelando...

Uma breve conversa com Deus(?)

Eu vivo pregando que o Orkut é a manifestação virtual do inconsciente coletivo. Prova disso é que grandes figuras, não vistas no mundo real, podem ser facilmente encontradas representadas lá, do Saci Pererê a Deus. Entre em uma discussão (via Scrap) com uma dessas figuras e verá que elas respondem exatamente como seria esperado (em nossa cultura). Eu já troquei algumas idéias com o Agent Smith, e dessa vez, foi com Deus Todo-Poderoso. Eu gostei muito dessa última, e vou reproduzí-la aqui (começa comigo, pois eu sou o ser inquieto que busca provocar a realidade):

Felipe Dex: DEUS NÃO EXISTE!!!

DEUS: Explique a sua vã existência sem mim então.

Felipe Dex: Hahaha! Explique sua vã existência sem mim! Você é apenas um produto do inconsciente coletivo... hahahaha

DEUS: Nietzsche foi pro Inferno sabia? Não adianta. Explica o Universo sem mim? Vai dizer que ele é fruto do inconsciente coletivo também?

Felipe Dex:
Ameaça-me com uma danação também inexistente? Só te provas o manipulador da massa, o subjulgador do povo. Aquele que, a serviço de uma oligarquia dominante oprime e maltrata aqueles que mais precisariam de uma força como a sua, se existisse...
O Universo não passa de uma massa de energia, por vezes amontoada em partículas. Reconheço as limitações de minha consciência humana, e sei que não posso compreender o universo. Ainda assim, isso não significa que haja uma consciência que possa!

Felipe Dex: viva o mundo digital! Viva o Orkut! Viva o questionamento cultural, a quebra de pressupostos e a destruição dos dogmas!!!

sexta-feira, agosto 26, 2005

Fazendo as malas

Hoje tomei uma das decisões mais duras da minha vida, não figura entre as mais difíceis, no entanto. Recebi meu compravante de pagamento de salário (meu primeiro salário que não é uma bolsa auxílio). A primeira coisa que percebi é algo que eu já devia ter visto há algum tempo: meu salário é muito baixo. Acho que foi mais chocante porque eu esperava que o líquido fosse um pouco maior.

Daquele valor líquido, subtraí meus custos fixos, que são nada mais que o conforto mínimo que tenho. Cheguei à chamada renda discricionária. Meus olhos saltaram. "É pouco." Na verdade, minha renda impede até mesmo que eu almoce com o pessoal da minha área. Imagine ser convidado para almoçar todo dia e dizer não simplesmente porque você não tem como pagar. A constante sensação de estar se privando de algo.

Não que eu queira ganhar muito. Queria apenas manter o que tenho... as baladas, que nem são tantas, uma ou outra ida a um barzinho, comprar umas roupas, uns cds, mas não dá.

O pior de tudo: metade do meu salário é paga como "Gratificação". Assim me pagam metade do FGTS que deviam.

Tive uma sensação nojenta que estava pedindo aquele emprego, trabalhando de favor. Senti-me diminuído, injustiçado... humilhado. Eu não fui indicado por ninguém, tive que dar um duro danado pra chegar onde cheguei. Dou tudo de mim no trabalho, pra ser tratado assim? Não que isso seja culpa da minha chefe (de quem eu gosto muito), muito menos do pessoal da área. É simplesmente a política de uma empresa sem respeito por seus funcionários, destinada à eterna mediocridade!

Felipe Dex: ainda não sei que trem pegar, mas já estou olhando os horários das passagens.

quinta-feira, agosto 25, 2005

Seu rico dinheirinho...

Creio que, mal de trabalhar em banco (sim... a empresa A é um banco... nacional, privado e grande - a empresa C também era, mas multinacional), especialmente numa área que se propõe a cuidar do dinheiro de outras pessoas, um monte de gente me pergunta o que fazer com o dinheiro, no que acredito, se devem comprar renda variável, enfim... uma série de perguntas.

Bom, segundo grandes teóricos da Administração Financeira e da Economia (uns ganhadores de prêmio Nobel e tal), no longo prazo, a carteira de mercado (a bolsa) tende a render mais que o ativo livre de risco (a tal da Selic). Perguntar o que é longo prazo é altamente válido.

Longo Prazo é o ponto no tempo a partir do qual todas as variáveis variam, ou seja, todos os custos são variáveis. No curto prazo, você possui custos fixos, um aluguel, por exemplo. Suponha que você tenha acabado de assinar um contrato que diz que você deve ficar no apartamento por 2 anos e meio. Seu aluguel será um custo fixo nesse período. Assim, para você, 2 anos é curto prazo e 3 anos é longo (porque você pode se desfazer do apartamento e voltar para a casa da sua mãe, não que você vá fazer isso, mas o aluguel se torna um custo variável).

Muito bem. Esses caras, que são grandes mitos da administração financeira, sugerem que você descubra sua necessidade de financiamento de curto prazo. Entenda isso como um dinheiro que você quer deixar separado para o caso de dar alguma merda ou se houverem planos para comprar algo em um futuro próximo (um apartamento, e se livrar daquele aluguel, que tal?). Esse é o dinheiro que você não pode perder, e, por isso, deve ser investido em algo SEGURO. Vale até colocar debaixo do colchão (a alternativa mais segura, mas a com menor rendimento... acostume-se com a idéia de trocar maior possibilidade de rendimento por menor segurança)!!!

Nada impede que você coloque o resto do dinheiro (se você tiver isso... ultimamente anda difícil...) no mesmo local seguro. No entanto, já que você não precisa do dinheiro no curto prazo, a teoria financeira diz que você deve pegar esse capital e enfiar o pé na jaca, por assim dizer, e no longo prazo você será recompensado. Nas minhas palavras: faça coisas psicodélicas e o acaso favorecerá você. Você pode pegar esse dinheiro e abrir um negócio, colocar num fundo que acompanhe o Ibovespa (eu recomendaria o IBX), apostar em cavalos, jogar poker, comprar ações da Vale do Rio Doce, etc etc etc etc....

Pra dar uma idéia do que pode acontecer, um cenário real: se você tivesse aplicado R$ 1.000 reais em um fundo de Ibovespa no início de 2001, ao final de 2002 você teria R$ 741. Se você se desesperasse, sacasse e aplicasse no CDI (sem taxa), em 31/mar/05 (desculpe os dados desatualizados) você teria R$1.108. Se deixasse o dinheiro na bolsa, na mesma data teria R$1.747. Ironicamente, você teria mais se tivesse ficado o tempo todo no CDI (novamente, sem taxa, desconsiderando o IR também).

No acumulado de 1996 até 31 de março, o Ibovespa está acima do CDI, e o IBX está melhor ainda (ainda hoje o IBX está acima do CDI, o Ibovespa empatado). Vale a pena repetir um aviso encontrado em toda divulgação de rentabilidade de fundo: retornos passados não garantem retornos futuros.

Considere também o seguinte, enquanto o CDI andou bonitinho, rendendo, em média, 1,66% todo mês, o ibovespa teve um mês de -40%, e chegou a fechar um ano (1998) a -33%. O melhor ano foi 151% e o melhor mês 26%. Se você está considerando a bolsa, comprar um antiácido até se acostumar com a situação pode valer a pena.

Uma dica: quando você vir no jornal que a bolsa foi o melhor investimento do semestre, não aplique! Normalmente, a essa altura, a bolsa já não tem o que subir!!! Aplique quando ela for o pior... normalmente ela já não tem mais o que cair...

Felipe Dex: ainda tenho muita coisa a dizer sobre o assunto... mas o post já está gigante, além de já ser quase 1 da manhã... hora de domir...

terça-feira, agosto 23, 2005

Google vai dominar o mundo???

O Google parece estar empenhando em dominar a mente das pessoas. E,
dado o Marketing negativo que a própria Microsoft faz contra si, o
Google tem tudo para dominar o mundo. Tenho que incluir esse aspecto
nas minhas projeções de cenário...

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Google deve lançar mensageiro instantâneo
Terça-feira, 23 agosto de 2005 - 11:25
IDG Now!
O Los Angeles Times noticiou nesta terça-feira (23/08) que o Google
planeja lançar um serviço de mensagem instantânea chamado Google Talk
e que o lançamento poderia ocorrer já nesta quarta-feira.

A disponibilidade de uma ferramenta de comunicação instantânea, somada
ao recente lançamento do Google Sidebar - que inclui notícias,
fotografias, informações sobre tempo, ações e outros recursos -,
posicionaria o Google como concorrente de portais de Internet como
Yahoo, Microsoft e America Online, embora essas empresas também
estejam invadindo a área dos mecanismos de busca.

De acordo com uma fonte que afirma ter visto o serviço, o Google
planeja permitir que o usuário acesse mais que apenas o teclado para
conversar. Como os programas da concorrência, o Google Talk também
permitirá conversas por meio de voz, com headsets.

Uma das fontes do Los Angeles Times afirmou que o Google pretendia
lançar a ferramenta na quarta-feira. Outra fonte afirmou que não sabia
a data prevista de lançamento, mas que a companhia vem testando o
serviço há pelo menos um mês.

Segundo dados da empresa de pesquisas ComScore Media Metrix, a AOL -
com a ferramenta AIM - é líder do mercado de mensagem instantânea nos
Estados Unidos, com 41,6 milhões de usuários (dados de julho deste
ano), seguida pelo Yahoo Messenger, com 19,1 milhões de usuários; e
pelo MSN Messenger, com 14,1 milhões de usuários.
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Felipe Dex: A Dexlândia também precisa elaborar sua agenda de
dominação global. Mas estamos projetando um cenário de 10 a 20 anos
primeiro.

segunda-feira, agosto 22, 2005

Pequenas Distorcoes???

Eu assisti a entrevista com o Palocci ao vivo ontem. Era domingo à tarde, eu tinha acabado de acordar... Achei importante e talz...
Notadamente, a defesa do ministro esta fundamentada em um só ponto: o contrato de licitação com a tal empresa de lixo foi fechado pelo governo anterior. Durante seu governo foi fechado apenas um contrato de emergência, após uma tempestade, no valor de R$ 140 mil. Trocando em miúdos: não há qualquer evidência contra ele.

Mais do que notadamente, hoje leio a tão aclamada Folha de São Paulo e suas reportagens sobre o depoimento de Palocci. Imaginem que isso que citei no primeiro parágrafo passou totalmente batido por todos os jornalistas da folha. Isso porque um deles estava presente em corpo na entrevista (eu lembro porque ele fez alguma pergunta para o ministro). Na verdade, para eles, a parte mais importante da entrevista foi a dispensabilidade do ministro... Impressionante!

Viés? Acho que eles deviam escrever um manual de como derrubar um presidente...

Felipe Dex: o PT é ruim... mas a direita é, no mínimo, tão ruim quanto...


domingo, agosto 21, 2005

Longo Prazo

Essa semana foi a do bônus (aquela coisa que você recebe da empresa se tiver atingido suas metas). Além das pessoas descobrirem o quanto vão receber em dinheiro (no meu caso zero, pois acabo de ser efetivado... só sou elegível a partir do final do ano), são traçadas as metas que elas devem cumprir se desejam continuar recebendo bônus (hahaha). Fui então falar com a minha chefe a respeito de minhas metas para o semestre, numa salinha de reunião, na manhã de sexta. Mas não é exatamente das minhas metas que quero falar...

Durante a reunião, minha chefe disse uma frase que era algo como "... daqui 2 ou 3 anos você...". Passaram, em um grande flash, várias imagens na minha cabeça, imagens de um futuro projetado por mim mesmo e para mim mesmo. Foi meio assustador.

Admito que me sinto um pouco em desvantagem nessas horas porque ainda estou com um grande foco em terminar a faculdade, o que me impede de pensar no que vem depois. Na prática, admito que meu futuro está cheio de incertezas. Creio que se quebrou aquele comodismo de vestibular e faculdade, onde as metas estão traçadas por si só. Agora tenho que traçar minhas próprias metas, e é um pouco difícil sem um referencial.

Acho que preciso parar e fazer uma análise de cenário mais completa para tomar uma decisão. Tenho que pensar como o mundo vai estar daqui 10 anos. Pensar nas minhas forças e fraquezas. E então ser capaz de enxergar as oportunidades e ameaças. Coisa de administrador... hahaha

Talvez eu deva começar agora, pelo menos definindo os aspectos que deveria olhar no mundo, e tentar estimar. Hmmmm.... que tal: Política, Economia e Cultura. Os 3 grandes pilares da sociedade. Qual será a magnitude das mudanças que podem ocorrer em 10 anos?

Eu admito não estar otimista com o mundo em 10 anos. A primeira grande tendência que se vê é o aumento da desigualdade social. A outra são os Estados Unidos com uma força militar cada vez mais desnecessariamente forte. A Ascenção da China. Queda na produção de petróleo. Novas fontes de energia. E a Europa, que vai acontecer com ela? O Japão? A África continuará esquecida? Haverá uma nova revolução filosófica? Mais egoísmo ou mais altruísmo? Guerra? Invasão da Amazônia? Ocupação definitiva do Oriente Médio, pelas últimas gotas de petróleo?

O mundo tá uma bagunça... só me pergunto se sempre foi assim....

Felipe Dex: pensando no que vai fazer quando acabar o petróleo....

sábado, agosto 06, 2005

Defending Territory!

Engraçado como ontem eu falava da defesa da Dexlândia de temíveis besouros negros e nem vi a relação disso com minha semana atual. Eu havia esquecido como sou capaz de jogar pesado para mostrar que não tenho medo de ser desafiado. E é incrível a tendência das pessoas a fazer brincadeiras destrutivas comigo. Talvez as pessoas estranhem que alguém magro, alto e talvez um pouco desajeitado tenha tanta segurança em si mesmo.

Eu sempre digo "apelou, perdeu", mas talvez tenha sido eu o apelão essa semana. Sempre me pergunto se isso é ou não necessário. Alguma coisa no fundo me diz que vale a pena, talvez ainda haja um garoto perdido aqui dentro. E nesse caso, quem não diria que se deve manter intocada a pureza do coração de uma criança, mesmo que sua defesa tenha um custo aparentemente elevado?

Uma visão externa disso tudo ainda não é capaz de me dizer o que causou o que. Creio que o excesso de demandas desconexas e contraditórias, vindas de vários lugares (e todos no trabalho) , somado à sensação de não estar sendo ouvido... Ainda assim, admito que ando sob uma certa carga de stress... Ainda não compreendo completamente meu comportamento quando nesse estado. Mas uma coisa é certa: tendo a me tornar muito mais arisco... e mais agressivo.

Espero poder estar de volta ao normal na segunda. E espero que não me tirem do normal na segunda. A certeza? Meu ritmo respiratório está diferente, e meus ombros carregados. Obviamente estou em alerta...

Felipe Dex: o banho quente já tomei... tá tarde mas vou para o Fun House... ainda digo que uma massagem era uma boa!

sexta-feira, agosto 05, 2005

A História da Dexlândia

A Dexlândia está entre os países mais recentes do globo. Mas sua história é digna de ser contada, aqui, que finda por ser o jornal de maior circulação no país. Tudo começou em 2000. Felipe Dex já estava decidido a deixar sua terra natal (Neverland). Seu destino ainda era desconhecido, no entanto. Assim como o que seria de seu futuro.

O Acaso, a sorte e o esforço se combinaram, trazendo o patrono desta nação para a cidade de São Paulo. Foi lá que ele encontrou um lugar para morar, ainda que pequeno. Com o passar do tempo tornou-se claro o que devia ser feito. Em uma rebelião silenciosa, a Dexlândia proclamou-se livre, mantendo sua independência até os dias de hoje.

Sem grandes recursos, a Dexlândia utilizou-se do então recém-lançado Friday Night Adventures para se comunicar com o mundo. Idéias foram propagadas. Pensamentos registrados. O então recente, e aparentemente sem futuro, blog tornou-se o canal oficial e perpétuo de comunicação da nação com o mundo e com ela mesma. Grande parte da história do país está registrada nessas páginas que você agora folheia.

Incapaz de produzir até mesmo sua comida, a Dexlândia se via numa situação de forte dependência de capitais de risco internacionais. Mas sem abundantes recursos nativos, fossem eles naturais ou tecnólogicos, logo viu que precisa inovar para que, um dia, pudesse figurar entre as grandes nações do mundo.

Foi determinado então que seu povo deveria explorar a única coisa que possuía: capital intelectual. O sucesso foi retumbante, a demanda e o valor percebido pelas outras nações vêm crescendo ano a ano, ainda que o PIB do país ainda seja pequeno.

Sem miopia de marketing, o povo agora se vê diante de uma nova oportunidade: o mercado de capitais. Maciços investimentos em pesquisa estão sendo feitos desde 2003 para que o Banco Central do país possa atuar adequadamente com os intrumentos financeiros a fim de maximizar a riqueza do país no longo prazo.

Não há uma religião no país. É compreendido que o Acaso, mensurável através da Estatística e desafiável pela aplicação da Teoria do Risco, é o verdadeiro motor do Universo. Se deus existisse, ele jogaria dados. A única força que contrapõe tal poder incomensurável é a Força de Vontade do indivíduo, ou de um povo, em sua constante luta para definir seu próprio destino.

Por ser uma nação de pequeno porte e de visão extremamente liberal, a Dexlândia pode se dar um luxo, único no mundo contemporâneo: ser uma Democracia Direta, com seus fundamentos sempre abertos a questionamento. Seu povo acredita que somente uma visão tão libertadora para a mente e para o corpo pode trazer verdadeira riqueza.

Felipe Dex: uma nova nação para um novo milênio. Um novo modelo econômico para um mundo em mudança constante. Um novo desafio da Força de Vontade ao Acaso.

I Guerra da Dexlandia

Tudo começou muito tempo atrás, creio que há cerca de 3 anos. Um saco de farinha foi esquecido em um armário na Cozinha. O serviço de inteligência da nação falhou em detectar os primeiros sinais de invasão enquanto o inimigo construía uma base ao norte da Dexlândia.

Foi então que eles começaram a enviar os primeiros batedores: rastejando pelos cantos escuros, andando onde os cidadãos de bem não ousavam. Mas sempre eram caçados e parados quando detectados pelas forças dexlandesas. Incursões e incursões foram paradas, mas mais e mais sempre estavam a caminho... parecia que o inimigo se multiplicava mais rápido do que podia ser extinto: ele poderia se alastrar por toda o país. O povo entrou em polvorosa...

Tomou-se então uma grande decisão: seria travada uma guerra de reconquista, uma batalha pelo controle definitivo da Dexlândia. Mas como enfrentar um inimigo escondido, em trincheiras, nas sombras?

As medidas foram drásticas. A evacuação da cozinha foi ordenada. A tensão tornar o ar pesado, e por vezes opaco. O país optou por algo que nunca havia sido feito por seu povo, por algo covarde, no entanto necessário: um ataque químico. Sim. Armas de destruição em massa teriam que, finalmente, tomar seu lugar na história.

Na madrugada de um domingo, uma noite que seria fria até se o sol brilhasse, podia-se ouvir o zunido estalado no ar. Gritos, entretanto, foram sufocados. Corpos tombavam mortos, imóveis, às centenas, por toda a Cozinha. Mas isso não fazia com que o bombardeio parasse. Mais e mais gás foi lançado. O objetivo era claro: aniquilação.

A limpeza durou 3 dias. Ainda há alguns corpos que jazem, sem vida. Suas carcaças apodrecem, não sem ter levado consigo algumas lágrimas de pena, vergonha e revolta do povo. O livro da Dexlândia teve uma página manchada de sangue e veneno. Uma página pesada de virar, e cuja marca vermelha ainda poderá ser vista nas páginas seguintes.

Se eles teriam feito o mesmo conosco? Não podemos nos dar o luxo do questionamento. O passado não responde perguntas, apenas deixa marcas.

Felipe Dex: O texto se aplica a várias ocasiões da minha vida, inclusive recentes. Mas foi escrito por ventura de uma invasão de pequenos insetos, mortos com baygon. É incrível como a realidade pode ser uma analogia dela mesma.