sábado, novembro 24, 2007

Um Quarto de Seculo

Era uma noite de primavera, em 1982, em um hospital em Porto Alegre. Um bebe nascia, no fim de um regime ditatorial, em um mundo que vivia na Guerra Fria entre capitalistas e comunistas. Era uma época em que homens usavam bigodes e barbas. Mulheres usavam chapéus e lenços. O computador pessoal era um ser de outro mundo. O CD era tecnologia de ponta. A Alemanha era um pais dividido. O reinado de George Soros começava a despontar. Um homem de sobrenome Ping começava a mudar a China. A musica eletronica estava em seus primórdios.


Todo esse mundo mudou a medida que eu crescia. Lembro-me de quando vi pela TV a queda do muro que dividia a Alemanha. Lembro-me dos caras pintadas que, ao causar a queda de um presidente, provaram que este pais era, enfim, uma democracia. Lembro-me de quando meus tios começaram a abolir barbas e bigodes. Meu pai, que morreu junto com os anos 80, não chegou a perder seu bigode. A União Soviética abriu suas portas ao mundo, e ruiu logo em seguida. A China, graças a Deng Xiao Ping, começou a crescer... bem rápido. O capitalismo mudou, ficou mais livre. O capital intelectual ficou mais valioso. A Microsoft, a Apple e o Google tornaram-se grandes corporacoes. Os Hedge Funds tornaram-se cada vez mais comuns, administrando cada vez mais recursos. O que os move não e diferente do que move todo o sistema: dinheiro.


Eu cresci em meio a toda essa bagunca. A cada ano de vida por que passava, minha visão do mundo se ampliava. Não apenas ela, mas também minha visão sobre as outras pessoas. Algumas das caracteristicas que emergiram em minha personalidade são apenas consequência desse aumento de minha consciência. As grandes mudanças em mim vieram de minhas reflexões a respeito do mesmo mundo que me abriga.


O mundo foi mudando enquanto eu crescia. Fico me perguntando se o mundo tem sempre mudado tão rápido... Eu também mudei. Muito e muito rápido, assim como tudo na minha vida. Sempre que ouço aquela musica que diz que "minha vida muda sempre lentamente" acho a passagem meio ridícula...

Felipe Dex: Agora estou esperto, e sempre aguardando surpresas. No fundo, acho que eu contribuo para o grande "desvio padrão" da minha vida... jogando-de de cabeça em coisas inicialmente incertas.... vai saber....