sábado, novembro 24, 2007

Um Quarto de Seculo

Era uma noite de primavera, em 1982, em um hospital em Porto Alegre. Um bebe nascia, no fim de um regime ditatorial, em um mundo que vivia na Guerra Fria entre capitalistas e comunistas. Era uma época em que homens usavam bigodes e barbas. Mulheres usavam chapéus e lenços. O computador pessoal era um ser de outro mundo. O CD era tecnologia de ponta. A Alemanha era um pais dividido. O reinado de George Soros começava a despontar. Um homem de sobrenome Ping começava a mudar a China. A musica eletronica estava em seus primórdios.


Todo esse mundo mudou a medida que eu crescia. Lembro-me de quando vi pela TV a queda do muro que dividia a Alemanha. Lembro-me dos caras pintadas que, ao causar a queda de um presidente, provaram que este pais era, enfim, uma democracia. Lembro-me de quando meus tios começaram a abolir barbas e bigodes. Meu pai, que morreu junto com os anos 80, não chegou a perder seu bigode. A União Soviética abriu suas portas ao mundo, e ruiu logo em seguida. A China, graças a Deng Xiao Ping, começou a crescer... bem rápido. O capitalismo mudou, ficou mais livre. O capital intelectual ficou mais valioso. A Microsoft, a Apple e o Google tornaram-se grandes corporacoes. Os Hedge Funds tornaram-se cada vez mais comuns, administrando cada vez mais recursos. O que os move não e diferente do que move todo o sistema: dinheiro.


Eu cresci em meio a toda essa bagunca. A cada ano de vida por que passava, minha visão do mundo se ampliava. Não apenas ela, mas também minha visão sobre as outras pessoas. Algumas das caracteristicas que emergiram em minha personalidade são apenas consequência desse aumento de minha consciência. As grandes mudanças em mim vieram de minhas reflexões a respeito do mesmo mundo que me abriga.


O mundo foi mudando enquanto eu crescia. Fico me perguntando se o mundo tem sempre mudado tão rápido... Eu também mudei. Muito e muito rápido, assim como tudo na minha vida. Sempre que ouço aquela musica que diz que "minha vida muda sempre lentamente" acho a passagem meio ridícula...

Felipe Dex: Agora estou esperto, e sempre aguardando surpresas. No fundo, acho que eu contribuo para o grande "desvio padrão" da minha vida... jogando-de de cabeça em coisas inicialmente incertas.... vai saber....

domingo, outubro 28, 2007

Sob o Sol de Escorpião...

Na terça-feira passada, às 17h15 (se você responde ao horário de Brasília), o sol entrou em sua passagem anual pela constelação de Escorpião. Com as crenças que carrego, este evento é um marco importante por apenas um motivo: meu aniversário se aproxima. É claro que, como estamos no Brasil, pertenço a uma minoria de ateus e céticos, e a grande maioria da população, independente da religião, cor ou camada social leva um pouco a sério um evento como esses.

Apesar de ser ateu, me interesso pelas crenças diversas, e a forma como atuam nas pessoas. Já li bastante sobre astrologia. Eu gosto de investigar pessoas (muitos já diriam "claro, você é de escorpião", mas isso é apenas uma coincidência cósmica), e tentar descrevê-las pela posição das estrelas quando elas nasceram é uma idéia divertida.

Nesse sentido, ser de escorpião é interessante (e eu nasci no decanato - dez dias - do meio, o que me torna o "escorpião mais escorpionino" por assim dizer), já que se trata da figura mais controversa do zodíaco. O escorpiano é descrito como ciumento, vingativo, possessivo e traiçoeiro. Também é dito leal, magnético, intenso e bom de cama. Os astrólogos parecem concordar sobre uma coisa: o nativo deste signo é ótimo em desvendar pessoas e suas intenções, boas ou más.

Não sei se o senso comum prevê esse comportamento, mas mulheres (ao menos eu acho) prestam muito mais atenção a toda essa idéia de astros governam nossas vidas e que as pessoas são bem descritas pelos seus signos do que homens.

O conjunto de folclore e percepção seletiva leva a uma repetitiva situação em minha vida. Talvez essa situação seja a única coisa efetivamente comum entre os nativos deste signo (mas nenhum astrólogo fala disso). Trata-se de ouvir, repetidamente, a frase: "Credo! Você é de Escorpião?"

Tenho a impressão de que todas as mulheres já tiveram problemas com o tal do "veneno do escorpião" (existe um livro quase com esse nome, mas acho que ele fala de outra coisa....). Provavelmente elas também tiveram problemas com todos os outros 11 signos, mas o astrólogo favorito faz questão de "lembrá-las" de que o escorpião é o pior de todos. Afinal, os outros homens eram ruins por acaso, mas o escorpião é naturalmente hediondo!

Acho que este post é apenas um protesto contra os rótulos do dia-a-dia (com um viés contra um em especial)! Lembre-se de que existem mais chineses que escorpianos no mundo!

Felipe Dex: ainda acho muito mais incrível ter nascido no 13º dia depois do Dia das Bruxas.

quinta-feira, outubro 18, 2007

Dois Tempos

Agradeçam ao Blog do Dilbert, que está aí nos favoritos, pois foi o sr. Adams que achou esta notícia, não eu. Vou por o link primeiro e brincar com a idéia depois:

A Two-Time Universe

Basicamente, no esforço de unificar a teoria quântica com a da relatividade, um cientista pioneiro teve uma idéia na direção oposta do senso comum atual. Na minha opinião (humilde, já que não sou físico) genial: imaginar a possibilidade de existirem 2 dimensões de tempo (ao invés de uma) e uma dimensão de espaço a mais (total de quatro). Na teoria das cordas, existe só uma dimensão de tempo, e umas nove ou mais de espaço...

Alterando as equações das duas físicas para esta realidade proposta, ele conseguiu explicar a "matéria escura" facilmente. Achei incrível. Eu acho que a dimensão adicional de tempo pode ser a explicação para o porquê de a velocidade da luz ser a mesma, independente do observador....

É só um pressentimento, mas eu diria que ele está num caminho melhor do que nossos amigos da teoria das cordas.

Só para fechar: lembremos que o universo que vemos é uma grande ilusão. O chão, o teto, as paredes, o céu, as estrelas e tudo mais são apenas avatares criados pelos nossos cérebros para representar diferentes estados da energia que forma o universo. Criar um modelo de universo não é diferente disso. Eu não gosto da palavra impossível, então vou dizer que é muito difícil que alguém, algum dia, saiba exatamente como o mundo é. Entretanto, não é isso que os físicos buscam: eles procuram apenas um modelo que possa prever o universo com grande precisão (a maior possível alguém diria).

É uma analogia limitada, mas, o desenvolvimento tecnológico não depende de saber o motivo exato por que imãs se atraem, apenas do equacionamento de tal força de atração.

Felipe Dex: empolgado com a idéia de uma dimensão extra de tempo, e confundindo seus leitores (se é que eles existem...)...

sábado, outubro 13, 2007

Você Toma Normal?

Quinta-feira fui almoçar num restaurante perto do trabalho e, ao pedir minha tradicional coca com gelo e limão, deparei-me com uma estranha situação:

Dex: Uma coca com gelo e limão.
Garçon: Light?
Dex: Não.
Garçon: Zero?
Dex: Não! Normal!

Foi um momento chocante, mas então eu entendi que o mundo havia mudado. A grande maioria das pessoas "adultas" não bebe mais refrigerantes normais, apenas light ou zero. O padrão de resposta do garçon mostra que a minha escolha de refrigerante era a menos provável! Lembro-me que, na minha infância, poucas eram as pessoas que tomavam refrigerantes diet (nem existia o light naquela época!).

Quem diria que a preocupação com o excesso de gorduras e beleza estética chegaria tão longe. Imagino o dia em que as pessoas que bebem light ou zero pedirão uma coca-cola e eu terei que pedir uma "coca total" ou uma "coca mais", quem sabe ate uma "coca gorda"!!!

Apesar de ter ficado um pouco assustado com a situação, eu já me acostumei a não estar na média nos mais diversos aspectos da vida. Anos atrás eu estava na média no que dizia respeito a escolha de refrigerante... o mundo muda de padrão e minha vida volta ao seu padrão de estar fora dos padrões...

Felipe Dex: no dia que não existirem mais refrigerantes com açúcar minha vida se tornara mais saudável (e eu permanecerei fora da média): não vou mais tomar refrigerantes!

domingo, setembro 16, 2007

Envelhecente

Esta semana me toquei que estou a uns 2 meses de fazer 25 anos. Eu sempre achei que isso não fosse me afetar... mas acho que já falhei em tentar passar batido por isso.

Na verdade não é o "estar velho" que eu temo. É alguma coisa mais parecida com a perda da adolescência. Em resumo... eu tenho um certo desconforto em me tornar adulto. Nada melhor para explicar essa sensação do que contar uma história...

Ontem eu fui em uma balada que gosto (chamada FunHouse, é um lugar meio desconhecido, eu sei...) e conversei com uma mina de 20 anos. Fora o susto inicial de que as pessoas de 87 já estão na segunda faculdade, foi uma conversa bastante divertida...

Foi engraçado porque, na maior parte da conversa, eu me lembrava de mim mesmo com 20 anos. Muito mais inocente, muito menos experiente. Minha visão não tinha a amplitude que tem hoje. Eu fiz coisas (bah, coisas legais, não fiz besteira nenhuma... talvez uma ou outra...) que se contasse a meu eu de 20 anos, ele teria dificuldades para acreditar, que ele mesmo faria isso num espaço de tempo tão curto!

E eu preciso dizer que foram 5 anos incríveis! E não me arrependo de nada! Faria tudo de novo, do mesmo jeito! Até porque, sem ter vivido a situação antes, não teria como tomar decisões diferentes... hahaha! Aprendi muito... tanto com os acertos quanto com os erros. Acho que começo a ter a "visão além do alcance", que eu tanto admiro em pessoas mais velhas (aquelas que estão lá pelos 50 anos): a capacidade de ver que alguma coisa não se encaixa, o instinto de auto-defesa, a habilidade de enxergar motivos e razões em ações, que a própria pessoa que age não viu em si mesma.

É claro que todo esse "aprendizado" não vem sem cicatrizes. E algumas delas são bem profundas, e algumas feridas ainda latejam de vez em quando.

Eu assisti ontem (sim, foi uma noite cheia! hahaha) O Senhor dos Anéis, O Retorno do Rei. Talvez não seja tão nítido pra quem apenas viu os filmes, mas quando os quatro Hobbits saem do Shire (condado) eles são apenas garotos. Mas depois de tudo que enfrentam, das batalhas que travam, do sofrimento que assistem, das cicatrizes, das aventuras... eles são homens quando retornam.

E é exatamente essa a sensação que tenho... a de que minhas aventuras (e porque não minhas desventuras também) transformaram-me em um homem. E acho que minha recusa não é em envelhecer, é em tornar-me homem, no sentido de perder a habilidade de garoto de buscar a aventura, de se jogar de cabeça sem medo. Acho que ainda conservo esse sentimento. Mas sinto que a luta por ele tem que ser constante!

Felipe Dex: acho que isso foi uma boa prévia do meu post de aniversário! hahaha

Felipe Dex 2: "... a menos que o coração / que o coração sustente / a juventude, que nunca morrerá ..."

domingo, agosto 19, 2007

E eu tinha esquecido que era cíclico...

Desde os agora já há muito tempo idos tempos do colegial meus professores de história e geografia me avisaram (talvez eu devesse usar uma palavra mais forte, como advertiram) que o capitalismo era cíclico. Essa semana eu senti na veia a virada de ciclo.

Já desde maio do ano passado os mercados andavam inquietos com uma possível Crise Econômica. Alguns falavam em supertições, como a dos anos terminados em 7 (houve crises em 1987 e 1997), outros gritavam aos quatro cantos do mundo que já tinha visto tudo isso acontecer, e que estava acontecendo de novo. Parafraseando o Mestre Yoda, eu sentia que algo estava errado, mas minha visão estava nublada pelo lado negro da força.

Essa semana a crise chegou para valer. Houve a tão afamada (e temida) crise de confiança. O crédito ficou mais difícil de ser obtido. A quebradeira de empresas começou (apesar de ainda não ter afetado nenhuma grande empresa). Os Bancos Centrais de diversos países (inclusive daqueles de primeiro mundo) já estão preocupados e em alerta. A recessão ainda não teve tempo de se instaurar... dizem que a crise ainda não impactou a economia real.

É engraçado dizer que ainda não impactou a economia real. Já ouço pessoas não envolvidas diretamente com o mercado financeiro falando nela, nas ações que caíram, nos problemas do mercado imobiliário dos Estados Unidos. Um amigo meu, historiador por excelência, me mostrou um texto de Hobsbaumm (não sei se é assim que se escreve), falando da Crise de 1929. É impressionante como, ao desavisado, lhe pareceria estar lendo um texto sobre a crise atual, não sobre uma de tanto tempo atrás.

Eu estou no meio da tormenta, gerir dinheiro (dos outros e próprio) em meio à tempestade não é uma tarefa simples, estou quase em uma overdose de stress. Em nome do mercado, se é que isso é possível, vindo de alguém tão jovem, digo que as incertezas são ainda muito grandes (o que se pode ver nos pulos da bolsa e do câmbio).

Na minha opinião pessoal, a crise já chegou, e dificilmente será evitada. Haverá sinais mais claros, o resultado do terceiro trimestre dos bancos nos Estados Unidos e na Europa, um possível aumento nos calotes das hipotecas estadunidenses que tinham taxas irrisórias nos 2 primeiros anos ("teaser rates") cujo impacto só será visível em cerca de um ano. Resta saber como navegar em mares tempestuosos.

Felipe Dex: cito Fernando Pessoa, meu poeta favorito já desde a adolescência (que ainda não acabou!): "Deus ao mar o perigo e o abysmo deu / Mas nele é que espelhou o céu."

terça-feira, agosto 14, 2007

Melhor que cansei... tô de saco cheio!!!

Já ouvi muitos dizerem que a vida é irônica, a elite que governava esse pais até o fim do mandato de FHC há pouco começou a entender tal tipo de ironia. Em última instância, a culpa pelo governo Lula, eleito por uma massa de pobres deseducados (usando uma palavra leve para não dizer analfabetos), é de quem criou tal massa.

Ora... e existe alguma dúvida de que ela foi criada pelos anos e anos sem investimento em educação, sem aprimorar o ensino básico, lideres que não se preocuparam com nada, senão com seus próprios umbigos. Uma massa manipulável pode ser muito útil para manter o poder, esqueceram-se somente de que tal massa tem alguma consciência de sua própria existência... e sua simpatia foi direcionada a um que acreditam ser seu membro.

Este texto não discutira se o Governo Lula e bom ou ruim, nem se um Governo Alckmin seria muito melhor (e não acho que seria). achei curioso o fato de que, exatamente aqueles que se dizem "cansados" foram os criados das exatas condições que permitiram que seu arqui-inimigo se erguesse e lhes tomasse o poder.

Como eles querem mobilizar um povo que se preocupa mais com o futuro de seu time de futebol do que com o de seu pais??? (Ex.: corinthianos saem as ruas para derrubar o presidente do clube, mas não o do pais... tsc tsc)

Felipe Dex: no dos outros eh refresco!!!

segunda-feira, julho 09, 2007

Brasileiro ou Alemão?

Eu fiz, recentemente uma viagem de três semanas pela Europa, e tive dúvidas por lá... terei que passar por elas (para aqueles que não sabem, sou descendente de alemães dos dois lados), mas não foi lá que tudo começou...

Foi aqui... no Brasil. De alguns poucos anos pra cá (talvez 3 ou 4) comecei a perceber que não era como as pessoas daqui... fui criado de uma forma diferente, minha cabeça funciona de forma diferente. Enquanto muitos aqui não ligam para os pequenos acertos do dia a dia, alguns deles me apavoram, como pedir para um amigo do trabalho que chegue mais cedo bater o ponto pra vc, que em troca bate o dele na saída. Qual o problema em tentar chegar um pouco mais tarde?

Também não consigo fazer alguma coisa importante de qualquer jeito. Eu levo o mundo a sério (ainda que às vezes não sinta reciprocidade...).

E tudo começa em casa. O brasileiro típico é criado com um pouco de sarcasmo... algumas broncas. Regras flexíveis e muita liberdade. Eu não fui criado assim. Desde pequeno fui ensinado sobre o certo e o errado. Fui ensinado que se algo é proibido é porque não deve ser feito, não porque pode ser feito às vezes... A liberdade não é nada mais do que o prêmio pela responsabilidade.

Na verdade, literalmente assim. Por exemplo, se minhas notas na escola estivessem boas, eu podia estudar sozinho e sair para brincar. Se estivessem ruins, minha mãe se sentaria comigo para estudar todos os dias: minha liberdade seria perdida. Algumas decisões de meus pais eram claras: "você é muito novo para tomar esta decisão, por isso nós a tomaremos por você." É claro que este tipo de decisão foi desaparecendo ao longo do tempo. Fui ensinado a não mentir e a manter minha palavra quase que antes de aprender a ler e escrever.

Apesar da aparente rigidez, meus pais eram muito amorosos e acolhedores. Nunca foi sequer considerada a hipotése de chamá-los por algo diferente de papai e mamãe. Não acho que cresci num ambiente repressor, muito pelo contrário. Meus pais eram sempre próximos, e sempre me inspiravam na descoberta do mundo. Revistas de ciência para criança, maquetes, ferroramas... brinquedos eletrônicos...

Em resumo, minha criação é alemã. E minha mente também... meu interesse pelo racional e minha facilidade com a lógica vem daí. A empolgação pela descoberta e pela ciência, quem sabe?

Tudo isso já estava na minha cabeça antes de viajar à Europa. Em Londres, local de início de minha viagem, fui confrontado com tudo isso. Logo no meu primeiro dia, fui ao Museu de Ciências (logo depois de ir no de História Natural). Em primeiro lugar, fiquei impressionado pela quantidade de alemães no museu, levando seus filhos. Eu vi pais ajoelhados perto de seus filhos ao lado dos objetos exibidos e contando a eles o que significavam, sua grandiosidade, sua importância, como meus próprios pais fizeram comigo. Apesar de ficar emocionado pela cena, a confusão de identidade deu-me algum embrulho no estômago. Eu levei minha camiseta da seleção alemã (que comprei na copa de 2006) comigo na viagem, mas depois desse dia não consegui usá-la.

No sábado eu fui numa balada, de que tinha ouvido falar ainda no Brasil, chama The End. Ela é famosa por tocar um tipo específico de música eletrônica (Electro), de que eu gosto bastante. Gostaria de lembrá-los de que ainda estava em Londres. Havia praticamente tantos alemães quanto ingleses na balada, até alguns de quem não suspeitara inicialmente eu ouvia conversar em alemão quando me aproximava. Ainda pensei que podia não gostar da balada, o que anularia toda essa experiência inicial, mas eu adorei. Minha crise de identidade começou.

A experiência se seguiu por todo o caminho até a Alemanha. Ao observador casual, era nítido que não eu não era inglês, ou francês, talvez holandês. Na Alemanha eu desaparecia entre a população. Até minha altura (1,90m) não fugia da média. Pelos memoriais que caminhava em Berlin eu não podia deixar de me emocionar, o que não tinha ocorrido nos outros países. Finalmente, quando vi os restos do Muro de Berlin eu chorei. Fiquei abismado ao descobrir que os turistas à minha volta olhavam para ele como eu havia olhado para outros memoriais na França, como se não fizessem parte daquilo. Pra mim a dor era muito intensa. Eu sentia na pele a dor transmitida por aquele muro.

Também pude sentir a dor e a ânsia pela unificação (a primeira, em 1870-1). Orgulhei-me do "Made In Germany" (os ingleses obrigaram os produtos alemães vendidos na Inglaterra a carregarem esta inscrição, para denegrir sua imagem, mas logo tal inscrição se tornou um símbolo de qualidade, do qual os alemães ainda se orgulham). Finalmente, me derreti em lágrimas diante do grande quadro de uma mulher representando a Germania, quando o crescimento e consolidação da Alemanha eram ameaçados por Inglaterra, França e Rússia, que não queriam uma potência emergindo no centro da Europa (o quadro, que ainda me tirou umas lágrimas hoje) está aí embaixo. Ele é gigantesco, com 2 metros x 1,5 metro, mais ou menos.


The image “http://www.dhm.de/gifs/sammlungen/kunst2/1988_82.jpg” cannot be displayed, because it contains errors.

O resumo é que convenci... ainda que seja brasileiro, há um lado alemão muito forte, eu não saberia dizer se mais forte que o brasileiro.

Felipe Dex: "Por que vai embora se está em casa?"

The Heart Beats in Its Cage

Muito aconteceu num do que fui um dos mais longos tempos sem posts deste blog. Eu sei que esta produção inconsistente me custa audiência... mas fazer o que... é nisso que dá ter uma vida bagunçada... mas quem consegue ter uma organizada???

Bom... além de um relacionamento confuso (e eu deveria dizer irreal... mas isso é pra outro dia), uma viagem pra Europa, uma chegada nonsense ao Brasil (sem comunicação com o mundo externo praticamente) eu voltei! E decidido a ficar!

É por isso que não vou postar apenas esse post insosso, e vou adicionar conteúdo de verdade (no post logo acima, que vc já deve ter lido!).

Felipe Dex: sempre de volta... de volta a mim mesmo? Seria esse blog uma manifestação de mim mesmo?

terça-feira, maio 01, 2007

Estranhas coincidências

Eu sei que faz algum tempo que não escrevo, mas uma estranha coincidência me trouxe de volta à ativa. As duas notícias estão com links abaixo, para que vocês não achem que estou mentindo!

Notícia 1
Notícia 2

É bastante irônico pensar que na mesma semana as duas notícias foram divulgadas na mesma semana, basicamente: foi descoberta na terra uma rocha de composição semelhante à Kriptonita (vai, não tem Flúor, mas aparentemente tá valendo...). Também foi detectado um planeta 50% maior que a Terra, orbitando uma anã vermelha, e com temperatura na superfície entre 0º e 40º C. Sinceramente não sei como não fizeram esse link... mas o planetinha é a cara de Kripton!
Agora estou na expectativa de descobrirem um alienígena morando por aqui!!! ahahhaha

Felipe Dex: o mundo é o lugar mais psicodélico que o mundo pode oferecer!

sábado, fevereiro 10, 2007

Até onde, até quando?

O cheiro de guerra enche novamente o ar, quando Bush e seus comparsas se preparam para abrir mais uma frente em sua Cruzada contra o Terror. Surpreendentemente, de novo a vítima é um país no Oriente Médio. Tenho preguiça (também acho que não é tão simples assim...), mas verificar quantos soldados yankees estão sentados em países exportadores de petróleo deve produzir números no mínimo interessantes.

Mais preocupante que isso é que, nitidamente, a habilidade do governo Bush de começar guerras é infinitamente maior do que a de terminá-las. Não que eu seja pró-ditadores, mas Iraque e Afeganistão são hoje nada mais do que territórios ocupados, seus povos sofrem ainda mais do que no passado, e pior, sofrem cada vez mais. Existe uma chance não desprezível de que se tornem novas Somálias.

E por falar em ditaduras, os próprios estadunidenses estão, hoje, sob o jugo de uma. Existe, é claro, uma máscara de democracia. Ainda assim, usando o Terror como um maestro rege sua orquestra, os conservadores Republicanos conseguem manipular opinião pública e congresso, na busca desenfreada de seus obscuros interesses.

Minhas esperanças de que o povo dos Estados Unidos voltasse à razão foram vãs. Anestesiados pelo poder bélico, sonham ser pra sempre os donos do mundo. Voltam seu medo e ira contra terroristas e muçulmanos, mas ambos provavelmente terão papel apenas marginal na queda do Império Estadunidense.

Felipe Dex: não posso dizer como será o mundo em 50 anos, mas sinto que nossos "amigos" do norte estão cavando suas covas...

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Boemia Genética

Antes até de começar a escrever, vou mostrar o link, para que quiser (neste caso puder) ler a notícia. Você vai precisar de uma senha do UOL ou da folha, mas uma procurada no google (depois de ler este post) deve te salvar...

- Leia a reportagem -

Pra tornar curta uma longa história, o texto fala de duas pesquisas separadas, uma feita por britânicos (sempre eles!) e outra por brasileiros (e olha que às vezes eu até esqueço que agente tem pesquisa científica...). O resultado é o mesmo, mas apontado para lados diferentes.

Os britânicos descobriram que uma mutação em um gene (Per2), as pessoas tendem a ser madrugadores (chame-os de diurnos-hardcore!!!). Você conhece pessoas assim. Elas vão dormir com as galinhas (infelizmente no bom sentido!), logo que escurece, e acordam às 4 da manhã.

Os brasileiros descobriram uma no (eu suponho, pelo menos...) gene do lado, o Per3, que causa o efeito oposto: as pessoas acordam muito tarde (de tarde, se você preferir) e ficam despertas até quase de manhã!

Como seres humanos têm ódio pelo diferente ("esses humanos são uns loucos!", como diria Obelix), ambos os grupos já têm esperança de uma cura. Eu admito que fico meio pê da vida... como assim uma cura??? Não dá pra aceitar que as pessoas desviem da média????

Tão importante quanto isso (eu ia dizer mais, mas tive um ataque repentino de modéstia) é que, se eu tivesse que apostar, diria que eu tenho a mutação no gene Per3 , que é o que atrasa o sono. Isso explica porque tenho sérias dificuldades com horários matinais!

Mas minha aposta só é feita, porque eu realmente tenho uma estranha tendência de trocar o dia pela noite. Normalmente eu tenho compromissos que requerem que eu acorde cedo (como ir para o trabalho, por exemplo). Mas já passei épocas em que não estava trabalhando, e estava de férias do colégio ou faculdade, em que houve sintomas claros (eu acho) desta diferença (observem que eu não usei a palavra anomalia) genética.

Se não for acordado, eu começo, a cada dia, a acordar mais tarde e ir domir cada vez mais tarde. O processo se estabiliza quando estou indo dormir lá pelas 8 da manhã e acordando umas 4 ou 5 da tarde. Acho só que ao invés de "encontrar uma cura", as pessoas deveriam simplesmente aceitar que nem todos estão "com pique total" às 10 da manhã (ou da madrugada, como eu costumo dizer...).

Felipe Dex: assombrado com a perspectiva de que grande parte de seu comportamento seja determinada geneticamente!!!

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Ah, as fases de vazio bloggal... e um dragão...

Sim sim, acho que estou em mais uma fase improdutiva para o blog. Eu ainda não entendi exatamente porque elas acontecem. Eu realmente sinto falta de escrever aqui.

Como esse blog é uma reflexão sobre a vida, e não simplemente um conjunto dos contos diários que compõe minha vida, é necessária alguma inspiração... não muita (é claro que nesse caso os posts não ficam tão bons, eu acho...)... mas alguma!

Mas acho que há uma coisa a dizer... alguém no trabalho, dia desses, lembrou-nos do velho mito chinês, da cidade que coloca seu tesouro numa caverna, e usa um dragão para servir de guarda. Eles alimentam tanto o dragão, para que ele nunca queira ir embora (e deixe o tesouro desprotegido) que o dragão fica enormemente gordo, e entala na caverna... o tesouro está perdido para sempre (na mitologia chinesa esse lance de matar dragões não é nada sussa...)!

Incrivelmente, nenhum de nós (nem o cara que se lembrou do conto) conseguiu entender a moral da história, o que, é claro, me deixou inquieto (eu sou muito curioso com essas coisas...). Viajando na maionese e tals, não cheguei a uma moral ainda, mas consegui encontrar o que acho ser um exemplo real dessa situação: a quebra do Hedge Fund Amaranth, no segundo semestre de 2006.

Na analogia, o tesouro seria o retorno do fundo. O dragão o trader que desconhece o significado de limites, e tem sede de poder (assim como o dragão é faminto, afinal, ele comeu a comida toda!). Os diretores do fundo alimentavam o dragão, dando-lhe mais limite de risco, na esperança que seu tesouro estivesse mais protegido.

Na realidade, assim como na velha lenda, o dragão não é domável. O resultado? Uma perda de quase US$ 7 bilhões!!!

Felipe Dex: eu sempre digo pra ouvir os mais velhos, talvez eu devesse incluir as velhas lendas e contos também!