sábado, setembro 30, 2006

De República a Império

Posso estar enganado, mas parece que a história finalmente nos mostra o que a Queda das Torres marca. Por muito tempo achei que fosse o início do declínio do poderio dos Estados Unidos, mas isso ainda está a alguns anos de acontecer, e provavelmente tal destino está muito ligado ao futuro da China, não ao do Islã.

O que creio que está ocorrendo é a transição, feita com grande desgosto pelos romanos 2 mil anos atrás: a República se torna Império. Os sinais são claros:
  1. Apologia do soldado, do homem que dá a vida por seu país.
  2. O poder democrático, melhor caracterizado pelo Legislativo, perde força em favor do Executivo. A simbologia disso é muito viva, e não poderia ser verdade maior: o povo entrega o poder a seu(s) líder(es).
  3. O Estado se torna mais presente. O controle sobre a vida (e morte?) dos cidadãos aumenta a ponto de se tornar paupável.
  4. Nações mais fracas são simplesmente atropeladas pelo poderio militar do império, a diplomacia da espada.
  5. O poder central deixa de ser criticado pela Mídia (que não é nada menos do que o quarto poder). Na verdade, a Mídia se torna uma ferramenta de propaganda do Estado.
  6. Agora totalmente estabelecida, a oligarquia tende ao descaso do povo. As desigualdades sociais crescem.
Roma se tornou um império 120 anos depois da queda de seu maior inimigo (Cartago). Para os Estados Unidos, foram apenas 15. O Império Romano perduraria por mais 500 anos. Não creio que seja possível fazer uma regra de 3, mas tenho a impressão que os estadunidenses encontrarão os chineses da mesma forma que os romanos encontraram a Párthia.

Duas reportagens da Folha que inspiraram esse texto:
- Muro do México
- Autorização para Tortura

Ainda levaremos um tempo para entender exatamente como será esse império, mas tenho certeza que será igual a todos os outros: violento, assustado e sem tratamento igual a todos os seus filhos.

Felipe Dex: o início do Império Romano trouxe 100 anos de paz a seu território (claro que ocorreram várias pequenas guerras, mas todas na periferia do império). Pergunto-me como será esse novo império, numa era em que se está a menos de 24 horas de distância de qualquer cidade do mundo e a pouco mais de alguns segundos de qualquer pessoa.

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