domingo, setembro 03, 2006

Vida Corporativa: Empresa Grande ou pequena?

Algum tempo atrás uma amiga minha, que estava participando de um processo de trainee para uma grande empresa (uma dessas multi-nacionais) me perguntou porque eu tinha odiado trabalhar em grandes empresas (entre elas o então maior banco do mundo) e decidido ir para a empresa em que estou hoje, podemos chamá-la de empresa D, uma pequena consultoria de investimentos, onde trabalham apenas 8 pessoas (contando comigo).

Naquele dia não soube responder. Minha resposta foi muito mais emocional (excesso de burocracia, RH enchendo o saco) do que racional. Mas agora acho que consegui racionalizar o sentimento: tudo está ligado a liberdade e incentivos corretos. Vou relatar minha experiência somente após ter deixado de ser estagiário (em julho de 2005, como dá pra ver na minha história, na coluna da direita...), porque então já era elegível a bônus, a maior revolução em remuneração do século XX (risos).

Para os que não vivenciaram o mundo corporativo ainda, bônus entra na chamada remuneração variável, ou seja, é algo que não faz parte do seu salário. Na verdade, é uma recompensa por objetivos cumpridos, tanto de trabalho efetivo quanto de aprimoramento pessoal. No mercado financeiro (meu caso), normalmente é semestral. E não é nada simbólico: meu primeiro bônus, na empresa A, foi de 3 salários, razoável para alguém que é bastante júnior. Em um ano, isso significa receber 12 meses de salário, mais o 13º, mais 6 salários de bônus, ou um total de 19 salários!!! Bônus existem em todos os tamanhos de empresas. A discussão fica mais didática e se aprofunda nos parágrafos seguintes...

A primeira coisa a se notar em uma empresa grande é que sua liberdade de ação é limitada, especialmente se você é júnior. Isso quer dizer que sua capacidade de gerar valor para o acionista também é limitada. Em uma empresa com uma política de remuneração não burra, o seu bônus é diretamente proporcional ao valor que você gera para o tal do acionista. Logo, seu bônus está limitado. Uma coisa muito desmotivante para mim numa grande empresa foi descobrir que, sem dar o melhor de mim, consegui o melhor bônus possível. Pode parecer bom à primeira vista ("eu vou ganhar bem sem ter que trabalhar tanto!"), mas à segunda vista vem a frustração: "eu poderia ganhar muito mais se não existissem limitadores!"

Numa pequena empresa você é livre para criar e alterar as coisas, o que significa que você é capaz de gerar muito mais valor para a empresa. É então que entra o grande truque: não há limitações a seu bônus! É comum inclusive a distribuição de participações na empresa, o que lhe garante uma parte dos lucros. É claro que tudo isso está ligado ao valor que você gera. Se você, como eu, está no setor de serviços (i.e.: mercado financeiro), é nítida a grande oportunidade de conversão de Capital Intelectual em Financeiro: bem vindo ao Século XXI, à Economia Pós-Industrial (ou de Serviços) (eu até me emociono ao escrever isso! - risos)!!!!

Algumas notas importantes:
  • em qualquer empresa, tente estar nas chamadas "atividades de frente", ou seja, aquelas que geram maior valor ao negócio (lembre-se: mais valor = mais bônus);
  • se seu trabalho é chato e repetitivo, você não está numa dessas áreas!!! No entanto, não é incomum "começar de baixo", por assim dizer;
  • o preço para fazer a tal da conversão não é barato: você tem que estar disposto a trabalhar muito mais, e dar muito mais de si mesmo;
  • numa grande empresa, sua empregabilidade é menos volátil: uma pessoa desmotivada pode sobreviver por anos a fio;
  • numa pequena empresa, a "recompensa" é maior para os dois lados: ou você está no pódio ou está na rua!
Acho que não preciso dizer que, se você gosta do que faz (vide: eu), o melhor lugar para se estar é numa pequena empresa!!!

Felipe Dex: viva o Capitalismo!!! Viva a Economia Pós-Industrial!!! Viva o Capital Intelectal!!!

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