domingo, setembro 25, 2005

Propósito...

Esse post vem um pouco tarde... ele é sobre algo que nunca me preocupou... mas que domingo passado me assustou de repente...

Eram umas 2 da manhã já... e eu me perguntava (pensando no trabalho... mesmo que não fosse o que eu estou atualmente...) por que eu fazia tudo aquilo. O esforço... a dedicação.... por que? Eu não conseguia dormir...

Já vi várias pessoas sofrerem com esse problema... o resultado é sempre uma angústia incurável... nenhum argumento que outros encontrem vale alguma coisa. É claro, outras pessoas não podem dar sentido à sua vida...

O mais engraçado é que eu sempre tive paixão pela vida... foi o final da faculdade que me jogou de frente com uma nova realidade: não há mais uma seqüência lógica na vida, pode-se fazer qualquer coisa. Eu poderia jogar tudo para o alto, vender meus móveis, juntar com a grana que eu tenho guardada e fugir para a Europa (ainda passa pela minha cabeça... hahaha)!

Bom... eu peguei uma cadeira de sol (fica guardada num canto hoje... mas remonta a uma época em que a mobília da minha sala eram 2 cadeiras de sol e 4 banquinhos), levei até a sacada, peguei um cobertor (pra quem não se lembra, domingo passado tava uma chuvinha fraca, um ventinho frio...) e me deitei na sacada...

Eu sempre gostei de uma brisa fria e um barulho de chuva. Fiquei por um tempo olhando para o céu, para as árvores que ficam aqui por perto... ouvi a chuva... tentei analisar as coisas friamente e, não que tenha pensado em me matar, mas por motivos retóricos imaginei qual era a diferença de estar, ali, deitado na sacada, ou morto no chão lá embaixo.

Sei que é uma análise meio mórbida, ainda mais para um ateu. Mas eu tinha que entender a diferença, não para os outros (sempre vai ter alguém que sentirá sua falta), mas para mim mesmo. A diferença era, pois, o próprio sentido de se estar vivo.

Instantaneamente a resposta veio: se eu estiver estatelado no chão lá embaixo não poderia estar aqui, ouvindo a chuva, deitado no friozinho debaixo do cobertor. É incrível quanto tempo se pode perder para chegar numa resposta aparentemente tão óbvia. E numa resposta em que eu sempre acreditei: a vida não tem propósito, a não ser aquele que você atribui.

Mas fortaleceu a visão exata do que me faz lutar dia a dia para manter-me vivo. E espero nunca mais perder essa visão. Sinto-me mais vivo que nunca...

Felipe Dex: cuidado! Existem pessoas que encontram um proprósito na vida... isso é muito perigoso: o fim do propósito pode ser o fim da sua vida!!!

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