terça-feira, março 07, 2006

Idealização e Espera

Lembro-me que no começo da adolescência (talvez até mesmo no meio, e no final...) eu me apegava a sentimentos, positivos é claro, e o próprio apego que tinha por eles os alimentava, de modo que o sentimento podia perdurar, e me atormentar, por bastante tempo. É claro que eu entendia que o que estava acontecendo era exatamente o contrário: achava que eu estava atormentado pois o sentimento não se desfazia.

Gostaria de citar o caso ilustrativo de um gestor de Hedge Funds, que mantém, há mais de um ano (possivelmente mais de 1 ano e meio), uma posição que será vencedora se a empresa X for comprada por outra qualquer, o que ele acha que vai acontecer a qualquer momento. Ele carregou essa posição em tormentas e tempestades, e por vezes sofreu grandes perdas por causa dela. Não, a história não tem final feliz, ele ainda carrega a posição, esperando que um raio caia em sua cabeça, como eu costumo brincar.

Acho que a situação é bem semelhante a uma paixão platônica: depois de já ter investido muito tempo e esforço naquilo, você tem a certeza de que tudo terminará bem, e a seu favor. Você corre, então, o risco de alimentar um sentimento, seja ele paixão ou esperança, de que vai dar tudo certo. Você não deixa aquilo que sente se esvair. Sem cuidado, a paixão se transforma em obsessão.

Foi engraçada uma constatação recente de que, uma paixonite minha, que podia ter facilmente trilhado esse triste caminho, se desfez em pouco tempo, quando não foi mais alimentada. Não que o sentimento não possa voltar, mas por enquanto ele se foi...

Gostaria de ter tido essa serenidade há mais tempo... teria me poupado várias roubadas e apuros...

Felipe Dex: como eu sempre digo, as pessoas (inclusive eu) dificilmente mudam, mas, com tempo suficiente, mudam sua maneira de ver e sentir o mundo...

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