quarta-feira, setembro 11, 2002

Absoluto.

Ultimamente, no pedaço egoísta da minha mente, eu procurava algo pra enfeitar as paredes do meu apê, que, atualmente, são simplesmente brancas. Achei a coisa perfeita, e simples. Uma propaganda de vodka absolut que eu havia visto num cartão de propaganda numa lanchonete. Era "Absolut Yoga." e mostrava simplesmente uma garrafa de ponta cabeça sobre um pano azul. Como perdi o cartão, resolvi procurar na internet - tem louco para tudo aqui. Fui direto no site (www.absolut.com) e esperava que eles guardassem os anúncios lá. Não guardam. Fui desesperadamente ao Google e digitei "vodka absolut", incrédulo, cliquei no botão de buscar (ou sei lá o que). Para minha surpresa/espanto/susto/pânico, havia uma infinidade de páginas a esse respeito. Cliquei na primeira, não sabia o que ia encontrar.

Por mais incrível que pareça existem pessoas que colecionam anúncios de Absolut. E não são poucas. Nem pequenas as coleções. O que faz pessoas perderem tempo e dinheiro para colecionar anúncios de vodka. Ok! Os anúncios são legais... eu realmente vou por um ou outro na parece do meu apê. Mas sem exageros!!!

A primeira coisa que me veio à cabeça foi, quando durante esse fim de semana eu estava na casa da minha mãe, e no canal Mundo começou a passar um programa que fala sobre colecionadores. Existe gente que gasta US$ 15.000 (isso! quinze mil dólares - R$45.000!!) em bonecas barbie. Garanto a você que mais da metade da população mundial (incluia-me nas estatísticas) nunca sequer sonhou com a possibilidade de existir uma pessoa com tanto dinheiro para torrar, sim!!! para jogar no vaso e dar descarga, como diz minha mãe.

Minha resposta para essa aberração: FUGA! É! Fuga! Você acha que jamais fugiu dos seus problemas? É o que você pensa. Concentrar-se em coleções, futebol, viver pensando que o mundo deveria ser comunista/anarquista, que Getúlio sim era um presidente, que o universo está em eterna expansão, etc. etc. etc. não passa da mais pura e simples ALIENAÇÃO. Nem todas as pessoas atingem o extremo, nem todas. Há uns 10 anos atrás, num clube noturno em São Paulo, na pista de dança, um homem suicidava-se, com uma faca. Por que? Horas antes o vocalista da banda Joy Division havia se matado.

Não que isso tenha feito a vida do carinha perder o sentido. Ele havia esquecido quem ele mesmo era. Se espelhava tanto no outro, porque queria esquecer a própria vida, que não teve escolha: era isso ou deveria voltar à sua vida miserável, da qual conseguira fugir durante tantos anos. Não o culpe. Vai saber de quantas formas diferentes a vida espancou aquele homem.

Não, não acredito em destino. Não acredito em vida madrasta. Acredito em pais que não medem conseqüências. Acredito em miséria. Acredito em fome. Acredito que as pessoas querem ser felizes. Elas acreditam na fuga para atingir a felicidade. O raciocínio é simples: 1. O mundo é uma droga. 2. Eu não mereço sofrer tanto. 3. E se eu simplesmente esquecesse que o mundo existe?

Um professor meu de biologia dizia: "se não está tudo bem é porque ainda não acabou."
E o livro "Não faça tempestade em copo d'água" diz: "Não se preocupe com seu problema, daqui cem anos ele não vai mais significar nada."

E eu só procuro não fugir. E agradeço aos céus por ter tido bons pais.

Nenhum comentário: