quinta-feira, agosto 25, 2005

Seu rico dinheirinho...

Creio que, mal de trabalhar em banco (sim... a empresa A é um banco... nacional, privado e grande - a empresa C também era, mas multinacional), especialmente numa área que se propõe a cuidar do dinheiro de outras pessoas, um monte de gente me pergunta o que fazer com o dinheiro, no que acredito, se devem comprar renda variável, enfim... uma série de perguntas.

Bom, segundo grandes teóricos da Administração Financeira e da Economia (uns ganhadores de prêmio Nobel e tal), no longo prazo, a carteira de mercado (a bolsa) tende a render mais que o ativo livre de risco (a tal da Selic). Perguntar o que é longo prazo é altamente válido.

Longo Prazo é o ponto no tempo a partir do qual todas as variáveis variam, ou seja, todos os custos são variáveis. No curto prazo, você possui custos fixos, um aluguel, por exemplo. Suponha que você tenha acabado de assinar um contrato que diz que você deve ficar no apartamento por 2 anos e meio. Seu aluguel será um custo fixo nesse período. Assim, para você, 2 anos é curto prazo e 3 anos é longo (porque você pode se desfazer do apartamento e voltar para a casa da sua mãe, não que você vá fazer isso, mas o aluguel se torna um custo variável).

Muito bem. Esses caras, que são grandes mitos da administração financeira, sugerem que você descubra sua necessidade de financiamento de curto prazo. Entenda isso como um dinheiro que você quer deixar separado para o caso de dar alguma merda ou se houverem planos para comprar algo em um futuro próximo (um apartamento, e se livrar daquele aluguel, que tal?). Esse é o dinheiro que você não pode perder, e, por isso, deve ser investido em algo SEGURO. Vale até colocar debaixo do colchão (a alternativa mais segura, mas a com menor rendimento... acostume-se com a idéia de trocar maior possibilidade de rendimento por menor segurança)!!!

Nada impede que você coloque o resto do dinheiro (se você tiver isso... ultimamente anda difícil...) no mesmo local seguro. No entanto, já que você não precisa do dinheiro no curto prazo, a teoria financeira diz que você deve pegar esse capital e enfiar o pé na jaca, por assim dizer, e no longo prazo você será recompensado. Nas minhas palavras: faça coisas psicodélicas e o acaso favorecerá você. Você pode pegar esse dinheiro e abrir um negócio, colocar num fundo que acompanhe o Ibovespa (eu recomendaria o IBX), apostar em cavalos, jogar poker, comprar ações da Vale do Rio Doce, etc etc etc etc....

Pra dar uma idéia do que pode acontecer, um cenário real: se você tivesse aplicado R$ 1.000 reais em um fundo de Ibovespa no início de 2001, ao final de 2002 você teria R$ 741. Se você se desesperasse, sacasse e aplicasse no CDI (sem taxa), em 31/mar/05 (desculpe os dados desatualizados) você teria R$1.108. Se deixasse o dinheiro na bolsa, na mesma data teria R$1.747. Ironicamente, você teria mais se tivesse ficado o tempo todo no CDI (novamente, sem taxa, desconsiderando o IR também).

No acumulado de 1996 até 31 de março, o Ibovespa está acima do CDI, e o IBX está melhor ainda (ainda hoje o IBX está acima do CDI, o Ibovespa empatado). Vale a pena repetir um aviso encontrado em toda divulgação de rentabilidade de fundo: retornos passados não garantem retornos futuros.

Considere também o seguinte, enquanto o CDI andou bonitinho, rendendo, em média, 1,66% todo mês, o ibovespa teve um mês de -40%, e chegou a fechar um ano (1998) a -33%. O melhor ano foi 151% e o melhor mês 26%. Se você está considerando a bolsa, comprar um antiácido até se acostumar com a situação pode valer a pena.

Uma dica: quando você vir no jornal que a bolsa foi o melhor investimento do semestre, não aplique! Normalmente, a essa altura, a bolsa já não tem o que subir!!! Aplique quando ela for o pior... normalmente ela já não tem mais o que cair...

Felipe Dex: ainda tenho muita coisa a dizer sobre o assunto... mas o post já está gigante, além de já ser quase 1 da manhã... hora de domir...

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