sexta-feira, agosto 05, 2005

I Guerra da Dexlandia

Tudo começou muito tempo atrás, creio que há cerca de 3 anos. Um saco de farinha foi esquecido em um armário na Cozinha. O serviço de inteligência da nação falhou em detectar os primeiros sinais de invasão enquanto o inimigo construía uma base ao norte da Dexlândia.

Foi então que eles começaram a enviar os primeiros batedores: rastejando pelos cantos escuros, andando onde os cidadãos de bem não ousavam. Mas sempre eram caçados e parados quando detectados pelas forças dexlandesas. Incursões e incursões foram paradas, mas mais e mais sempre estavam a caminho... parecia que o inimigo se multiplicava mais rápido do que podia ser extinto: ele poderia se alastrar por toda o país. O povo entrou em polvorosa...

Tomou-se então uma grande decisão: seria travada uma guerra de reconquista, uma batalha pelo controle definitivo da Dexlândia. Mas como enfrentar um inimigo escondido, em trincheiras, nas sombras?

As medidas foram drásticas. A evacuação da cozinha foi ordenada. A tensão tornar o ar pesado, e por vezes opaco. O país optou por algo que nunca havia sido feito por seu povo, por algo covarde, no entanto necessário: um ataque químico. Sim. Armas de destruição em massa teriam que, finalmente, tomar seu lugar na história.

Na madrugada de um domingo, uma noite que seria fria até se o sol brilhasse, podia-se ouvir o zunido estalado no ar. Gritos, entretanto, foram sufocados. Corpos tombavam mortos, imóveis, às centenas, por toda a Cozinha. Mas isso não fazia com que o bombardeio parasse. Mais e mais gás foi lançado. O objetivo era claro: aniquilação.

A limpeza durou 3 dias. Ainda há alguns corpos que jazem, sem vida. Suas carcaças apodrecem, não sem ter levado consigo algumas lágrimas de pena, vergonha e revolta do povo. O livro da Dexlândia teve uma página manchada de sangue e veneno. Uma página pesada de virar, e cuja marca vermelha ainda poderá ser vista nas páginas seguintes.

Se eles teriam feito o mesmo conosco? Não podemos nos dar o luxo do questionamento. O passado não responde perguntas, apenas deixa marcas.

Felipe Dex: O texto se aplica a várias ocasiões da minha vida, inclusive recentes. Mas foi escrito por ventura de uma invasão de pequenos insetos, mortos com baygon. É incrível como a realidade pode ser uma analogia dela mesma.

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